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A produção de mel e derivados da abelha Jandaíra (Melipona subnitida Ducke) no sertão brasileiro, especialmente na caatinga, representa uma alternativa sustentável e altamente adaptada às condições ambientais semiáridas. A Jandaíra, espécie nativa e sem ferrão, é valorizada não apenas por seu mel de alta qualidade — reconhecido por propriedades terapêuticas e elevado valor comercial —, mas também por sua eficiência na polinização da flora local, essencial para a biodiversidade e para a agricultura familiar. Sua criação racional em caixas adaptadas, como as do tipo “nordestino”, permite o manejo sem degradação ambiental e amplia o aproveitamento dos produtos do enxame, como o mel, o pólen e o cerume (DANTAS, 2016).
Para iniciar um meliponário com Jandairas na caatinga, são necessários alguns elementos básicos: caixas racionais (em média 70x11x13 cm), ambiente protegido da insolação excessiva, fonte de flora nativa para alimentação e, preferencialmente, orientação técnica sobre manejo. A criação pode ser iniciada a partir da captura de enxames naturais ou da multiplicação de colônias já estabelecidas. O tempo de desenvolvimento de uma colônia produtiva varia, mas estudos indicam que em um ciclo de aproximadamente 8 a 10 meses é possível obter boas quantidades de mel se as condições de alimento e umidade forem favoráveis. A estrutura interna dos ninhos, composta por favos de cria e potes de alimento, é cuidadosamente organizada e permite à colônia manter equilíbrio térmico e sanitário (DANTAS, 2016).
Fonte: Gerado por IA, adaptado de DANTAS (p. 25, 2016)
A produtividade do mel por colônia pode variar bastante, mas em média uma colônia racionalmente manejada pode produzir entre 500 a 1.000 ml de mel por ano. A quantidade depende de fatores como flora disponível, saúde da colônia e experiência do meliponicultor. Em condições ideais, colônias bem cuidadas podem ultrapassar essa média. Além do mel, o pólen (saburá) e o cerume têm usos locais e valor de mercado, ampliando as possibilidades econômicas da atividade. As colmeias bem manejadas apresentam cerca de 30 potes de mel e 12 potes de pólen, sendo o mel armazenado em recipientes ovais que mantêm suas propriedades mesmo após a extração (DANTAS, 2016).
Apesar do potencial, a meliponicultura com Jandaíras ainda enfrenta desafios no sertão, como a escassez de políticas públicas, falta de assistência técnica e perda de habitat natural. Em comunidades quilombolas, como no Sítio Barra de Oitis (PB), 90% dos entrevistados praticam a meliponicultura, mas a maioria nunca recebeu capacitação formal. A ausência de flora nativa também limita a produção, o que reforça a importância de preservar a caatinga e incentivar práticas agroecológicas. Ainda assim, a atividade continua sendo uma importante forma de complementar renda e valorizar o conhecimento tradicional transmitido entre gerações (SANTOS et al., 2016).
REFERÊNCIAS
DANTAS, Maria Cândida de Almeida Mariz. Arquitetura de ninho e manejo de abelha Jandaíra (Melipona subnitida Ducke) no Alto Sertão da Paraíba. 2016. 62 f. Dissertação (Mestrado em Sistemas Agroindustriais) – Universidade Federal de Campina Grande, Pombal – PB, 2016. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/bitstream/handle/riufcg/866/MARIA%20C%c3%82NDIDA%20DE%20ALMEIDA%20MARIZ%20DANTAS%20-%20DISSERTA%c3%87%c3%83O%20PPGSA%20PROFISSIONAL%202016.pdf?sequence=3&isAllowed=y . Acesso em: 21 out. 2024.
SANTOS, José Ozildo; SANTOS, Rosélia Maria de Sousa; SANTOS, Vanessa da Costa; MACHADO, Leandro da Costa. A Meliponicultura como Prática Sustentável Produtiva em uma Comunidade Quilombola do Sertão Paraibano. Mossoró-RN: SOBER, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 16 a 18 de novembro de 2016. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Jose-Santos-74/publication/312649694_A_meliponicultura_como_atividade_produtiva_Uma_analise_em_comunidade_quilombola_do_Sertao_paraibano/links/58a992f392851cf0e3c54fba/A-meliponicultura-como-atividade-produtiva-Uma-analise-em-comunidade-quilombola-do-Sertao-paraibano.pdf?_sg%5B0%5D=started_experiment_milestone&origin=journalDetail Acesso em: 11 dez. 2024.