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A produção de milho no Semiárido brasileiro possui um papel central tanto no aspecto cultural quanto na agricultura familiar. Historicamente, o milho é um dos principais alimentos da população sertaneja, sendo amplamente utilizado na alimentação humana em preparos típicos e em forragem para os animais. Essa importância cultural está intimamente ligada às práticas tradicionais de cultivo familiar, que persistem desde os primeiros ciclos de ocupação da região, com pequenas roças plantadas geralmente nas áreas mais férteis, utilizando consórcios com feijão, jerimum e outras espécies de ciclo curto, adaptadas às chuvas irregulares do Semiárido (GIONGO; ANGELOTTI, 2022).
Fonte: Caapedia (2025)
A estrutura fundiária do Semiárido é majoritariamente composta por estabelecimentos de pequeno e médio porte, nos quais a agricultura familiar representa a base econômica. Nesses sistemas, o milho é cultivado quase exclusivamente em regime de sequeiro, o que o torna extremamente dependente de boas condições pluviométricas. No entanto, a irregularidade das chuvas e a alta frequência de períodos de estiagem geram fortes oscilações na produtividade e dificultam o desenvolvimento da cultura, como observado em Aroeiras, na Paraíba, entre os anos de 2000 a 2020, quando apenas três safras registraram precipitações dentro da normalidade climática (ARAÚJO et al., 2025).
A baixa tecnificação e a escassez de recursos hídricos agravam a vulnerabilidade desses produtores, o que demanda alternativas mais resilientes. Uma das soluções promissoras identificadas em estudos recentes é o uso de águas residuais tratadas para irrigação. Ensaios realizados no estado de Sergipe demonstraram que a irrigação com efluente doméstico tratado contribui significativamente para o aumento da produtividade do milho, promovendo o desenvolvimento da planta e otimizando o uso dos escassos recursos hídricos da região. Além disso, o uso de híbridos genéticos com maior tolerância à seca apresentou desempenho superior tanto em regime de sequeiro quanto irrigado, oferecendo uma estratégia adaptativa relevante para o Semiárido (FEITOSA et al., 2025).
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, José Rayan Eraldo Souza; SILVA, João Henrique Barbosa da; SOUZA JÚNIOR, Silvio Lisboa de; SANTOS, João Paulo de Oliveira. Dinâmica interanual da produção de milho em Aroeiras/PB, Brasil. Revista Vivências, Erechim, v. 21, n. 42, p. 345-356, jan./jun. 2025. DOI: https://doi.org/10.31512/vivencias.v21i42.1133. Disponível em: http://revistas.uri.br/index.php/vivencias/article/view/1133. Acesso em: 21 abril 2025.
FEITOSA, Darliton A. S. et al. Performance of maize hybrids grown in a semi-arid region under rainfed and wastewater irrigation systems. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 29, n. 5, e281710, 2025. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1807-1929/agriambi.v29n5e281710. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbeaa/a/qj5Jw4d4sJbNy4qPc6cxHGr/?lang=en. Acesso em: 21 março 2025.
GIONGO, Vanderlise; ANGELOTTI, Francislene (orgs.). Agricultura de baixa emissão de carbono em regiões semiáridas: experiência brasileira. Brasília, DF: Embrapa, 2022. 256 p. ISBN 978-65-89957-12-6. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1150080. Acesso em: 02 abr. 2025.