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O cultivo do sisal desempenha um papel central na economia de várias regiões do semiárido brasileiro, especialmente na Bahia e na Paraíba, sendo uma atividade intimamente ligada à agricultura familiar. Na Bahia, a Região Sisaleira consolidou-se como um território economicamente diferenciado em função da cultura da Agave sisalana, que encontrou no semiárido condições ideais de desenvolvimento. O processo produtivo do sisal combina atividades rurais e urbanas, iniciando-se com o cultivo e a desfibração das folhas nas propriedades rurais, seguido do beneficiamento nas cidades, onde a fibra é preparada para comercialização e exportação (SANTOS; SILVA, 2017).
A agricultura familiar no Território do Sisal, na Bahia, representa a base econômica da região, mesmo diante dos desafios impostos pelas condições edafoclimáticas adversas e pela histórica marginalização socioeconômica. Segundo dados do Censo Agropecuário de 2017, aproximadamente 78% dos estabelecimentos rurais do território são classificados como de agricultura familiar, sendo responsáveis por 77,8% do pessoal ocupado no setor agropecuário (LOPES; PEREIRA; FEIDEN, 2024). Essa realidade revela não apenas a importância social e econômica do sisal, mas também a vulnerabilidade desse segmento frente às limitações estruturais, acesso restrito a recursos hídricos e aos impactos das mudanças climáticas.
Fonte: Caapedia (2025)
Na Paraíba, especificamente no município de Remígio, o cultivo do sisal também possui grande relevância socioeconômica, embora a atividade tenha apresentado forte declínio a partir de 2012, devido a uma das mais severas secas da história da região e à concorrência com fibras sintéticas. Esse cenário impactou diretamente a quantidade produzida e o valor da produção, evidenciando a necessidade de políticas públicas voltadas para a reestruturação da cadeia produtiva do sisal e para a promoção da resiliência dos agricultores familiares (SABINO et al., 2024).
Apesar das dificuldades, tanto na Bahia quanto na Paraíba, a cultura do sisal continua sendo uma alternativa estratégica para a geração de renda e manutenção das famílias no campo. O fortalecimento da agricultura familiar por meio de cooperativas, associações e políticas públicas adequadas é apontado como caminho essencial para garantir a sustentabilidade dessa atividade no semiárido brasileiro, promovendo desenvolvimento territorial e valorização dos saberes locais (LOPES; PEREIRA; FEIDEN, 2024; SANTOS; SILVA, 2017; SABINO et al., 2024).
REFERÊNCIAS
LOPES, Marcio Rodrigo Caetano de Azevedo; PEREIRA, Geusa da Purificação; FEIDEN, Armin. A agricultura familiar do Território do Sisal no estado da Bahia: um retrato a partir do Censo Agropecuário 2017. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 55, n. 3, p. 116–135, 2024. Disponível em: https://www.bnb.gov.br/revista/ren/article/view/1541. Acesso em: 21 maio 2025.
SABINO, Bruna Thalia Silveira et al. A produção de sisal em Remígio, Curimataú Ocidental da Paraíba: uma análise interanual (2001-2021). Revista Univap, São José dos Campos, v. 30, n. 68, 2024. Disponível em: https://revista.univap.br/index.php/revistaunivap/article/view/4490. Acesso em: 21 maio 2025.
SANTOS, Edinusia Moreira Carneiro; SILVA, Onildo Araujo. SISAL NA BAHIA - BRASIL. Mercator (Fortaleza), v. 16, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/mercator/a/zgv6pRK4ZhTzNhhh7jy6KpH/. Acesso em: 30 jan. 2025.