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A manufatura do umbu no Semiárido brasileiro é uma prática fortemente associada à agricultura familiar e ao extrativismo sustentável. O umbuzeiro (Spondias tuberosa), planta nativa da Caatinga, é fundamental para a subsistência e geração de renda de muitas famílias na região. Essa atividade não apenas preserva o bioma, mas também fortalece as economias locais, valorizando práticas agroindustriais comunitárias baseadas na transformação dos frutos em produtos com maior valor agregado, como doces, geleias, sucos, polpas congeladas, umbuzada, licor, sorvetes, néctar, compotas e até umbu cristalizado (ANJOS; RYBKA, 2016).
O processo de manufatura envolve desde a coleta dos frutos, que geralmente ocorre de forma extrativista durante a safra, até o beneficiamento nas agroindústrias comunitárias. Associações como a Carimbu, na Paraíba, exemplificam bem esse modelo produtivo, no qual os agricultores realizam tanto a colheita quanto o processamento do umbu. Nessas unidades, são aplicadas práticas de mapeamento de processos e gestão de custos, visando melhorar a organização do trabalho, aumentar a produção e equilibrar a oferta e a demanda. Essa gestão eficiente permite que os associados transformem o umbu em uma diversidade de produtos, ampliando as possibilidades de comercialização em mercados locais, regionais e até internacionais (SOUZA et al., 2020).
Fonte: Caapedia (2025)
Além dos produtos tradicionais, como doces, geleias e sucos, há iniciativas inovadoras no aproveitamento de subprodutos, como a produção de farinha da casca do umbu. Esse subproduto apresenta elevado potencial nutricional e funcional, com altos teores de compostos bioativos, como fenólicos e vitamina C, além de ser uma alternativa sustentável que reduz o desperdício e agrega valor à cadeia produtiva. A farinha da casca de umbu pode ser utilizada na formulação de pães, bolos, biscoitos, massas, iogurtes e outros alimentos, contribuindo não só para a diversificação dos produtos, mas também para a geração de renda e a redução de impactos ambientais (CADERNE et al., 2021).
Portanto, a manufatura do umbu no Semiárido não se limita apenas ao processamento dos frutos, mas está intrinsecamente ligada à preservação ambiental, ao fortalecimento da agricultura familiar e à inovação na utilização integral dos recursos naturais disponíveis. Essa dinâmica produtiva, sustentada por práticas colaborativas e pela valorização dos saberes locais, contribui para o desenvolvimento econômico e social das comunidades inseridas na Caatinga (ANJOS; RYBKA, 2016; SOUZA et al., 2020; CADERNE et al., 2021).
REFERÊNCIAS
ANJOS, José Barbosa dos; RYBKA, Ana Cecília Poloni. Processamento de produtos à base de umbu. In: DRUMOND, Marcos Antonio et al. (ed.). Umbuzeiro: avanços e perspectivas. Petrolina: Embrapa Semiárido, 2016. cap. 7, p. 217-239. Disponível em: https://www.embrapa.br/semiarido/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1046431/umbuzeiro-avancos-e-perspectivas. Acesso em: 02 set 2024.
CADERNE, Ivana et al. Potencial nutricional e funcional da farinha da casca de umbu (Spondias tuberosa Arruda Cam.). Revista Brasileira de Agrotecnologia, v. 11, n. 2, p. 964–974, 2021. Disponível em: https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/REBAGRO/article/view/8883. Acesso em: 23 out 2024.
SOUZA, Gabriel Mendes de et al. Gestão da produção e mapeamento de processos na Carimbu: associação especializada na cadeia produtiva do umbu e derivados. In: VIII Simpósio de Engenharia de Produção, 2020. Blucher Engineering Proceedings, v. 7, n. 3, p. 1280–1294, 2020. Disponível em: https://www.proceedings.blucher.com.br/article-details/gesto-da-produo-e-mapeamento-de-processos-na-carimbu-associao-especializada-na-cadeia-produtiva-do-umbu-e-derivados-35179. Acesso em: 15 out 2024.