Manufatura do Maracujá-da-Caatinga 

O maracujá-da-caatinga (Passiflora cincinnata Mast.) é uma espécie nativa amplamente distribuída nos biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica, caracterizada pela sua resistência à seca e pelo fruto de casca verde mesmo quando maduro. Esse fruto tem grande importância social, econômica e ambiental, especialmente para a agricultura familiar no semiárido brasileiro, que realiza sua coleta de forma extrativista ou em pequenos cultivos. O aproveitamento desse recurso natural representa uma alternativa sustentável de geração de renda, especialmente quando transformado em produtos de maior valor agregado (SANTOS et al., 2019; GUIMARÃES et al., 2023).

A manufatura do maracujá-da-caatinga se destaca pela diversidade de produtos possíveis. A polpa, de sabor ácido e aroma marcante, é tradicionalmente utilizada para a produção de sucos, polpas congeladas, doces, geleias, sorvetes e compotas. Estudos demonstram que a polpa possui elevado teor de compostos antioxidantes, vitamina C, fenólicos e flavonoides, atributos que agregam valor nutricional e funcional aos derivados, além de favorecer a conservação dos alimentos (SANTOS et al., 2019; GUIMARÃES et al., 2023).

Além da polpa, a casca e a semente, que frequentemente seriam descartadas como resíduos, têm sido objeto de pesquisas que comprovam seu potencial para aproveitamento na indústria. A casca possui alto teor de compostos bioativos, como vitamina C e fenólicos, além de apresentar excelente capacidade antioxidante, o que permite seu uso na produção de pectina, farinhas enriquecidas, suplementos alimentares e até cosméticos. As sementes, por sua vez, apresentam elevado teor de lipídios, sendo uma fonte promissora para a extração de óleo vegetal com potencial nutracêutico (GUIMARÃES et al., 2023).

Um exemplo promissor de agregação de valor é o desenvolvimento de fermentados alcoólicos a partir da polpa do maracujá-da-caatinga. O processo envolve a fermentação controlada da polpa, resultando em bebidas com teor alcoólico superior a 7%, classificadas como fermentados de fruta suave. Esse tipo de manufatura contribui não só para o aumento da renda de agricultores familiares, mas também para a diversificação dos produtos derivados da biodiversidade local, promovendo desenvolvimento econômico aliado à valorização dos recursos naturais do semiárido (SANTOS et al., 2019).

REFERÊNCIAS

GUIMARÃES, Maria Luisa Lauton et al. Agro-industrial co-products of wild passion fruit (Passiflora cincinnata Mast): nutritional and functional quality. Research, Society and Development, v. 12, n. 8, 2023. Disponível em: https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/42788. Acesso em: 25 nov 2025.

SANTOS, Aline da Silva et al. Potencial nutricional e funcional do maracujá-do-mato (Passiflora cincinnata Mast.). Revista Brasileira de Agricultura e Sustentabilidade, v. 9, n. 2, p. 1–10, 2019. Disponível em: https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/REBAGRO/article/view/8899. Acesso em: 25 nov 2025.

SANTOS e SANTOS, Renata Torres dos et al. Desenvolvimento de fermentado alcoólico de maracujá-da-caatinga a partir de frutos colhidos em diferentes estádios de maturação. In: ENCONTRO NACIONAL DA AGROINDÚSTRIA, 5., 2019, Bananeiras. Anais eletrônicos. Galoá, 2019. Disponível em: https://proceedings.science/enag/enag-2019/trabalhos/desenvolvimento-de-fermentado-alcoolico-de-maracuja-da-caatinga-a-partir-de-frut?lang=pt-br. Acesso em: 25 nov 2025.